segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Sanhoane (01)


Com esta fotografia mais uma aldeia do concelho passa a estar representada neste Blogue: Sanhoane. Mostra uma oliveira junto à igreja matriz. A velha case que se vê em frente também despertou a minha curiosidade. Além de um interessante pilar em granito de uma robustez e qualidade pouco vulgar, tem uma característica varanda sendo uma excelente representação da construção tradicional de muitas aldeias. Não se vai aguentar muito mais tempo assim.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Brunhoso na VII Feira de Burros do Azinhoso


Mais uma participação avassaladora de Brunhoso na VII Feira de Burros do Azinhoso, no dia 12 de Setembro de 2010.
Parabéns a todos. Melhor é impossível.

À Descoberta do Variz

Durante o mês de Agosto de 2010 tive oportunidade de fazer pequenos passeios por algumas das aldeias do concelho. Uma das que visitei foi a aldeia do Variz. Confesso que esta aldeia era totalmente desconhecida para mim. Apesar de não estar situa a muita distância de Mogadouro, não se encontra em nenhum dos eixos rodoviários que une a sede de concelho às sedes dos concelhos vizinhos, pelo que, só vai ao Variz que se perde, ou quem tem essa intenção. Eu fui porque pretendia Descobrir mais um cantinho do concelho.
O Variz é uma anexa da freguesia de Penas Roias. Está a pouco mais de 11 km de Mogadouro (pela N221) e a 7 de Penas Roias, por estradas municipais. As poucas vezes que ouvi falar da aldeia foi quase sempre sobre a estação do caminho-de-ferro, que integrava a Linha do Sabor, morta há uma série de anos. Nesta estação funcionou, em tempos um bar. Essa particularidade foi várias vezes apresentada como exemplo de aproveitamento das infra-estruturas, muito antes de existir a Ciclovia do Sabor em Torre de Moncorvo ou o bar na estação de Larinho.
Ao primeiro contacto com a aldeia o sentimento foi de surpresa. As casas encontram-se dispersas por vários locais, com maior concentração em volta da igreja matriz e junto da estação, mas há outros bairros onde não me desloquei. Não contava com uma aldeia tão grande.
Num Sábado de manhã, o ambiente era de tranquilidade e vagabundeei pelas principais ruas sem praticamente me cruzar com ninguém. Como habitualmente a minha atenção centrou-se nas casas mais antigas, algumas em ruínas, outras com sinais positivos de obras de restauro. Infelizmente sem o apoio técnico (e até monetário) das autarquias, estes restauros são muitas vezes descaracterizadores, e este local não foge à regra.
A aldeia é atravessada por um curso de água, mas, em pleno Verão, não se via mais nada além de erva fresca. É de realçar a existência de um pequeno jardim com hortênsias e roseiras, tudo muito bem cuidado.
Encontrei uma pequena capela com a imagem de Nossa Senhora das Dores no altar. Também apresenta restos de frescos na parede num dos lados do altar e a representação do purgatório do outro. As paredes, o tecto, a porta e o pequeno campanário são recentes ou foram restaurados.
Quando é possível, impõe-se uma visita à igreja. Por sorte, foi possível. A presença de um habitante local deu-me a possibilidade de percorrer o espaço sem receios de ser mal interpretado.
Vale a pena visitar este espaço. Tem-se registo da igreja de S. João Baptista desde o início do Século XVI, altura em que foi ladrilhada a capela-mor, pintada uma imagem de S. João Baptista e mudada a pia baptismal para um canto da igreja. O interior é amplo, fruto possivelmente de vários acrescentos. Os altares também não são todos da mesma época. O mais trabalhado (e talvez antigo) é onde se encontra o Sagrado Coração de Jesus. Pelo brilho adivinha-se que o altar e o ambão são ambos novos. Há imensas imagens espalhadas por todos os espaços dos diferentes altares. Esta e outras características dão um ar simples e acolhedor ao edifício. O tecto da capela-mor está pintado de azul, com alguns elementos em dourado e com uma ilustração de Santo Antão ao centro. No chão ainda são evidentes as diferentes divisões onde eram depositados os mortos. Algumas pedras têm gravações.
No exterior há um largo a toda a volta da igreja. O frontispício, voltado para poente, apresenta uma torre sineira, com dois sinos, e uma porta com um arco perfeito. A simplicidade de elementos é característica de muitas igrejas desta região. Algumas nem apresentam a porta. Curiosamente há uma estrutura com uma pequena sineta do lado direito do frontispício.
Não muito longe da igreja há uma estrutura em granito, uma espécie de nicho, encimado por uma cruz. Sou tentado a pensar que tenham sido umas alminhas. O interior foi outrora pintado. Também aqui é visível o gosto que os habitantes têm pela sua aldeia, uma vez que há bonitas flores por todo o lado.
Junto à estrada que segue para a estação, há um bar e, perto dele, uma fonte de mergulho bastante bonita. A posição do sol não me permitiu fotografá-la com rigor, mas é bastante elegante. Muitas fontes deste género estão numa posição baixa em relação ao nível do solo, mas não é este caso, favorecendo assim a estética. É possível que tenha havido uma cruz sobre a fonte.
A paragem seguinte foi na estação. A minha muita curiosidade só foi ultrapassada pela desilusão. Trata-se de um edifício muito bem situado e bonito, mas era tal o abandono que senti envergonhado com a forma como tratamos o nosso património. O edifício está completamente ao abandono. Crescem silvas por toda a parte, sendo quase impossível circular em volta. Talvez as expectativas fossem muitas, mas achei uma pena tanto abandono.
Apesar de tudo, fiquei com uma boa imagem do Variz. Espero ter mais oportunidades de voltar à aldeia e conhecer com mais pormenor alguns dos seus aspectos mais característicos.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

S: Martinho do Peso

Mais uma aldeia do concelho chega ao blogue À Descoberta de Mogadouro. Visitei S. Martinho do Peso no dia 29 de Agosto de 2010. Foi uma visita demorada que deu para captar algumas imagens bem características desta aldeia. Por falta de tempo, ainda não escrevi nada, nem publiquei as fotografias.
Aqui deixo a primeira e a promessa de que outras se seguirão.

sábado, 4 de setembro de 2010

Mogadouro - Nossa Senhora do Caminho (2010)

Realizaram-se na última semana de Agosto, em Mogadouro, as festas em honra de Nossa Senhora do Caminho.
Apesar de ter passado no concelho os últimos dias do mês, a festa não me atraiu, e só me desloquei à vila no dia da procissão de Nossa Senhora do Caminho. Foi um Agosto muito preenchido e era necessário um bom atractivo para me tirar da tranquilidade da casa. Dos grupos musicais anunciados talvez tivesse gostado de ouvir os Quinta do Bill e o Camané, mas ainda os ouvi há pouco tempo.

Uma das características que, a meu ver, distingue a festa de Nossa Senhora do Caminho, de outras festas a que tenho assistido, e assisti neste Verão, são as manifestações de . Embora com uma tendência decrescente, merece realce a componente religiosa destas festas. Até eu que sou católico mas pouco praticante, fico impressionado com a quantidade de pessoas que faz promessas e se desloca à pequena ermida de Nossa Senhora do Caminho nos dias de festa.
Este ano a procissão teve um percurso mais curto, não sei porquê. Gostava de ter a ter visto ao longo da Avenida do Sabor, mas quando me apercebi já estava a entrar no recinto da capela.
No final da procissão o grupo de Bombos de S. Sebastião (Darque) fizeram a sua despedida com uma entusiasmante exibição em frente à capela de Nossa Senhora do Caminho.

Pelo que me disseram, valia a pena ter assistido ao fogo de artifício mas a essa hora já me encontrava em viagem.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

VII Feira de Burros do Azinhoso

Realiza-se, a 11 e 12 de Setembro, a VII Feira de Burros do Azinhoso, na Aldeia de Azinhoso - Mogadouro. A iniciativa é da AEPGA - Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino e da AIVECA - Associação para a Investigação e Valorização Etnográfica e Cultural de Azinhoso. A entrada é livre.
"No concelho de Mogadouro, as feiras sempre tiveram um enorme impacto, nomeadamente, a Feira Anual do Azinhoso, cuja frequência era obrigatória para a maioria da população nordestina, tendo por isso uma influência não só de concelhia mas também regional, com principal relevância para os concelhos circundantes. Durante anos, o burro foi e é ainda considerado o protagonista desta feira", explicam os organizadores.
"A Feira Anual do Azinhoso foi revitalizada em 2004 pela AEPGA e a AIVECA em conjunto com o município de Mogadouro e a Junta de Freguesia de Azinhoso. O empenho da população local em cooperação com a organização do evento ajudou a recuperar antigas tradições como a gincana de burros, que sempre desafiou os mais arrojados e foliões do Azinhoso e aldeias vizinhas, a mostrar a sua perícia. A Feira do Azinhoso pretende reavivar antigas tradições bem como promover e sensibilizar curiosos e criadores para a preservação, nomeadamente, da Raça Asinina de Miranda", acrescentam.

Contactos:
Telef: 273.739.307
Telem: 96.615.11.31 ou 96.005.07.22
Email: burranco@gmail.com

Fonte: Jornal Público

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Flora do vale do Sabor (2)

Mais um conjunto de fotografias que ilustram a flora das margens do Sabor, nas freguesias de Remondes, Brunhoso e Paradela.
24 de Abril de 2010.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Flora do vale do Sabor (1)

Conjunto de fotografias da flora das margens do rio Sabor.
24 de Abril de 2010.

domingo, 25 de julho de 2010

Festa de Nosso Senhor em Urrós

Nas minha deambulações pelo nordeste à Descoberta das paisagens costumes e tradições, não estava prevista uma passagem por Urrós (Mogadouro) no dia 3 de Junho de 2010, mas foi isso que aconteceu. Deslocava-me de Miranda do Douro para Mogadouro, quando, à passagem pela Estação, decidi fazer um desvio para visitar Urrós, que sabia estar em festa.
O objectivo era beber alguma coisa fresca com um amigo, natural da aldeia, mas a residir em Miranda do Douro e seguir viagem, mas não foi isso que aconteceu.
A paragem aconteceu junto à capela de S. Sebastião onde já tocava um conjunto. Havia alguns pares mais animados a dançarem e um bar onde bebi a tal bebida fresca, com alguns tremoços a acompanhar.
Pedi que me abrissem a porta da capela para fazer algumas fotografias o que me foi concedido. Esta capela foi alvo de um interversão recentemente. Apenas havia um pequeno altar onde estava a imagem de S. Sebastião. Agora toda a parede em volta do altar está revestida com bonitos elementos vegetalistas dourados. A festa a S. Sebastião acontece no 3.º domingo de Agosto e é a principal festa da aldeia. Costuma haver tourada, mas fiquei bastante satisfeito no ano em que os touros fugiram (não pelo pânico que provocaram, mas por se libertarem).
A festa agora em questão é em honra de Nosso Senhor mas também é a Festa do Gaiteiro e vamos perceber porquê já de seguida.
Quando me preparava par ir embora notei alguma movimentação no recinto do baile. Chegaram os gaiteiros e ouviu-se o tão característico som da gaita de foles do Planalto Mirandês. Este som deve ter activado algo nas pessoas porque, novos e velhos, começaram imediatamente a dançar! Passaram para a estrada e formaram duas filas, paralelas, com os gaiteiros atrás. Começaram a dançar rua abaixo.
Tinha duas opções: uma, esquecia a dança, entrava no carro e ia-me embora; segunda, juntava-me aos foliões, gozando a festa, tentando perceber o seu significado. Como devem perceber, optei pela segunda hipótese.
A dança é muito simples: após alguns passos no sentido da marcha, ao longo da rua, todos se cruzam alternando de fila, com um bonito efeito. As filas eram constituídas por pessoas de todas as idades e de todos os estratos sociais. Unia-os a alegria e a vontade se dançar.
Alternei momentos de dança com algumas pausas para tirar fotografias à medida que mais gente se ia juntando e outros iam apreciando o "baile" que passava. Soube, mais tarde, que estava a dançar as chulas.
Depois de algum tempo de dança, já com o sol muito baixo no horizonte, o grupo parou junto a uma casa que tinha uma mesa posta à porta. Havia bolos, económicos, tremoços, sumos, vinho e cerveja. Nos momentos que se seguiram aproveitei para saber mais alguns pormenores da festa.
Tudo começou muito cedo, com um foguete, que anunciou a chegada dos gaiteiros que deram volta à aldeia anunciando a festa. Depois do pequeno almoço, nova volta à aldeia acompanhando o mordomo que pedia "para o Santo". De tarde houve missa e festa popular que estava a acontecer quando eu cheguei junto  da capela de S. Sebastião.
A dança começa junto da capela, desce a rua e termina junto à casa do mordomo que brinda os populares com tremoços, bebidas e o que mais quiser dar.
A minha presença, desconhecido e muito atarefado a fotografar, despertou alguma curiosidade mas fui bem aceite por todos, até pelo mordomo que me convidou para sua casa.
Aproveitei também para conversar um pouco com o gaiteiro  José Maria Fernandes (Tio Rito), um dos mais exímios tocadores de gaita de foles da actualidade, que também compareceu com o seu instrumento mas que não chegou a tocar, dando espaço a outra geração de tocadores.
Não aceitei o convite do mordomo, ele tinha mais pessoas com que se preocupar, mas acabei por jantar em Urrós em casa do amigo que tinha ido visitar (o mesmo que "abandonei" junto à capela de S. Sebastião quando se iniciaram as chulas!).
À noite houve arraial, mas eu já tinha Descoberto os aspectos mais característicos das festas do Nosso Senhor, em Urrós. Segui viagem...

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Gaiteiro em Urrós

O Planalto Mirandês é de uma riqueza cultural inigualável em Portugal. Desta riqueza faz parte a música, com executantes de grande mestria em várias das aldeias do concelho de Mogadouro. Travanca, Urrós e Bemposta são freguesias onde podíamos ouvir excelentes execuções de gaiteiros. Esta tradição, felizmente, não se perde e novos gaiteiros bombeiros, e caixeiros vão surgindo com grande entusiasmo.
Esta fotografia faz parte de um conjunto que fiz em Urrós e que espera um pouco de tempo disponível para ser colocada online.
O gaiteiro é Alves Preto, jovem gaiteiro, mas muito promissor.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

TasOsMontes.Net

A vontade de partilhar na Internet as minhas “viagens” por vilas e aldeias de Trás-os-Montes nasceu há mais de uma década, com os meus primeiros contactos com a Web. A primeira experiência chamou-se “O Trasmontano” e chegou a estar disponível na GeoCities, abarcando todos os concelhos do distrito de Bragança. Morreu principalmente pela minha indisponibilidade para o “alimentar”.
Em 2004 iniciei uma volta pelas freguesias do concelho de Miranda do Douro e fiz nascer o siteÀ Descoberta de Miranda do Douro, primeiro da série e que ainda se mantém online. Pela minha vida profissional e pelo gosto pessoal em conhecer e fotografar a região, novos blogues foram aparecendo, tendo o mesmo formato, mas cada um dedicado a seu concelho. No entanto, como são todos dinamizados por mim, acabam por ter muito em comum. Pensei em partilhar algumas postagens entre eles, mas, a opção final foi a criação de um novo espaço, também em formato blogue (por enquanto), que congregue informação disseminada pelos diferentes locais: À Descoberta de Miranda do Douro, À Descoberta de Vila Flor, À Descoberta de Carrazeda de Ansiães, À Descoberta de Mogadouro, À Descoberta de Freixo de Espada à Cinta, À Descoberta de Torre de Moncorvo e A Linha é Tua (blogue dedicado à Linha do Tua).
A partir de agora toda a (nova) informação dos diferentes blogues será disponibilizada também no espaço TasOsMontes.Net, sem necessidade de andar a saltar de Blogue em Blogue. Tentarei também partilhar, neste espaço, fotografias que tenho colocado na plataforma Flickr, onde tenho mantido uma relativa actividade. Com o tempo pode ser que haja algumas evoluções, uma vez que estou sempre a aprender.
Espero que o novo espaço seja uma janela aberta para o Trás-os-Montes que eu capto, seja em fotografias, seja em palavras.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

II Feira Social - Em Mogadouro

Cartaz da II Feira Social que vai decorrer em Mogadouro, nos dias 18, 19 r 20 de Junho de 2010.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

À Descoberta do Rio Sabor (II)

Já passou mais de um mês desde a minha caminhada ao longo do rio Sabor, as flores possivelmente já secaram, o caudal diminuiu, mas não quero deixar de partilhar algumas das emoções que senti quando a realizei.
A caminha integrava a um evento mais vasto, de dois dias, organizado pela empresa Javsport, com o nome Passeio ao Sabor Desaparecido. À frente desta empresa de eventos “radicais” está um amigo de Brunhoso, com quem já tinha falado várias vezes de como seria entusiasmante percorrer o Rio Sabor que a EDP e o PS tanto fazem questão de afogar.
Assim, apesar de eu não puder participar no fim de semana do Passeio ao Sabor Desaparecido (já tinha planeado estar no dia 24 de Abril na V Rota da Liberdade em BTT, em Vila Flor), fiz todos os possíveis por poder participar no dia 24 na caminha entre a Ponte de Remondes e Salgueiro/Paradela.
Fui o primeiro a chegar à ponte de Remontes, vindo de Macedo de Cavaleiros. Estava um sol magnifico e não sou capaz de me sentar à sombra e esperar. Comecei a caminhar para montante da ponte, apreciando a vegetação que estava algo de excepcional. Quase todos os participantes na caminhada vieram do Porto, num autocarro que chegou perto da uma da tarde. Antes da caminhada começar todos retemperaram forças.
O grupo era muito heterogéneo, em idades e em condição física. O início foi um dos pontos de maior declive e alguns ressentiram-se imediatamente da dificuldade. Pouco tempo depois, já a meia encosta e com mo grupo bastante partido, entrou-se no ritmo certo que nos levaria ao Salgueiro.
Como conhecedor da região e do local, porque tinha feito o mesmo percurso poucos dias antes, acompanhei alguns dos participantes mostrando-lhes algumas das curiosidades da paisagem e particularidades das espécies florestais. Em cerca de 60 participantes havia pessoas das cidades, habituados aos escritórios, mas também havia transmontanos de nascimento e vivência com quem troquei muitas conversas sobre o puder medicinal e gastronómico de algumas plantas.
Um dos pontos altos da caminhada foi quando mostrei a um bom grupo de pessoas uma área de alguns metros quadrados com muitos pés de orquídeas em flor. Havia muitas mais do que aquelas de que me apercebi na minha primeira passagem pelo local.
O percurso foi sendo feito a passo muito lento, com muitas paragens para esperar pelos mais atrasados.
Pouco depois das quatro da tarde estávamos na Barca, no termo de Brunhoso. A alguns apeteceu-lhe um mergulho nas águas frescas do rio, mas não havia tempo para isso. Depois de algum esforço para subir ao Picão, nova descida desta vez para o Cachão. Eu gostaria que as pessoas fossem mais de vagar, apreciassem a paisagem que tão bem conheço, mas à medida que as horas iam passando e o sol queimando as costas, a preocupação com o caminhar ia-se sobrepondo à beleza dos locais. Nem todos transportavam a água suficiente de que necessitavam e houve necessidade de partilhar e racionalizar a existente. Havia uma pessoa que já transportava um saco cheio de espargos. Estava fascinado com a sua abundância.
Passada a ribeira junto ao Cachão, onde o rio rasga há milénios as rochas mais rijas do xisto, já pouco restava para chegarmos a caminho que nos conduziria ao Salgueiro. Esta parte do percurso era nova para mim, nunca aqui tinha passado.
Tinha ouvido falar num moinho recuperado, que ainda funcionava! Imaginava um moinho como tantos outros, encerrado numa casa em xisto, com um açude a prender as águas que fariam girar com vigor as mós. Não havia casa nenhuma! O moinho é muito rudimentar, mas estava à vista e fez as delícias de todos os fotógrafos (penso que éramos todos os presentes!).
Eram seis da tarde e faltava-nos a parte mais ingrata do percurso. Cerca de 4 quilómetros que nos levariam dos 190 metros de altitude até aos 600 metros. O calor da tarde estava a esvair-se, mas, mesmo assim, foi lenta a subida. Foi preciosa a ajuda de um todo-o-terreno de apoio que forneceu água fresca (até algumas cervejas!) que deu alento para os últimos quilómetros. Depois de chegar ao lugar do Salgueiro, foi necessário esperar que se juntasse toda a gente, o que demorou ainda algum tempo. Aproveitei o compasso de espera para visitar alguns conhecidos, que não esperavam por mim ali.
Já com todo o grupo no autocarro, o mesmo saiu para a Junta de Freguesia de Paradela onde iria ser servido o Jantar. Tinha algumas expectativas quanto à ementa, mas devo dizer que o que nos foi servido as ultrapassou bastante. De entrada havia presunto, azeitonas, chouriço e alheira assada na brasa. Depois foi servido javali estufado com batata cozida acompanhados por uma salada de azedas e conqueiros. Esqueci-me de referir que também foi servido como entrada, pão caseiro, ainda quente, para molhar no azeite. Não provei a iguaria, mas a maior parte dos presentes deliciou-se e compraram de imediato uma boa quantidade de pães para levarem para casa.
Como segundo prato foi servido cabrito assado. Para alguns que não se davam com a carne foram preparados peixinhos do rio com molho de escabeche, mas foram poucos os que se negaram ao javali. Foi de comer e chorar por mais.
Durante do jantar discutimos várias coisas, entre as quais o prometido desenvolvimento com a construção da barragem do Sabor. Havia ideias muito contrárias. Uma coisa ficou clara: se já existisse uma barragem no Sabor, nenhum de nós ali estaria para apreciar aquele vale magnífico.
Na mesa das sobremesas esperavam as melhores iguarias que se produzem por estas terras: queijo, doce de abóbora, arroz-doce, pudim, marmelada e fruta. Esqueci a dieta (por isso não comi o pão molhado no azeite) e provei um pouco de tudo.
Os responsáveis por tão fato e requintado jantar aproveitaram ainda para vender algumas lembranças, pequenos ramos de flores de tecido e espigas de trigo, e desta forma angariar alguns euros para a festa do Verão.
Descemos, depois ao bar para tomarmos um café.
Foi um dia fantástico. A caminhada foi uma delícia para os olhos e o jantar foi memorável para os sentidos. O autocarro conduziu os participantes para Mogadouro, onde iriam pernoitar para se recomporem para nova caminhada no dia seguinte e eu parti para Vila Flor, ao encontro da Rota da Liberdade que juntou e algumas centenas de ciclistas de todo o país.
São dias assim que justificam o porquê de valer a pena de vivermos neste cantinho “atrás do sol posto”.

Percurso
GPSies - PonterRemondes_Salgueiro

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Pôr do sol em Brunhoso

Pôr do sol no Sobreirinho, freguesia de Brunhoso.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Ao longo do Rio Sabor

Já há algum tempo que acalento a ideia de fazer algumas caminhadas ao longo do curso do Rio Sabor e do Rio Tua, principalmente nos troços que a EDP pretende afogar. Se no Rio Tua a coisa tem sido fácil, utilizando a Linha do Tua como percurso, no Rio Sabor as caminhadas são mais complicadas e não têm acontecido como o desejado. Já fiz muitas caminhadas no termo da freguesia de Brunhoso e no dia 13 de Outubro de 2009 visitei Silhades, na freguesia de Felgar.

Recebi o convite de uma amigo para fazer o reconhecimento de um percurso no termo das freguesias de Remondes e Brunhoso. Mesmo com algumas dificuldades de agenda, no dia 2 de Abril rumei para Brunhoso, para fazer o percurso no dia seguinte.
Deslocámo-nos de automóvel para a ponte de Remondes, no dia 3 de Abril, 4 pessoas, para fazermos o reconhecimento de um trajecto de cerca de 8 quilómetros para jusante. O dia estava agradável, quente e com alguma neblina. Da extremidade do tabuleiro da ponte parte um caminho bastante bom e muito utilizado pelos agricultores para acesso às oliveiras, por onde seguimos.

No primeiro quilómetro o declive é bastante acentuado, ainda com a ponte à vista, mas depois o caminho mantém-se praticamente entre os 300 e os 400 metros de altitude durante alguns quilómetros.
A minha atenção dividiu-se entre a paisagem para o rio e a flora que ladeava o caminho, bastante florida, por sinal.

Entre madressilva, medronheiros, espargos, bucho e outros afins, fui descobrindo algumas plantas que me não estava muito habituado a encontrar. A certa altura pareceu-me ver uma orquídea, mas não quis acreditar. Nunca tinha visto uma orquídea selvagem e, depois de mais de uma década a caminhar nesta zona sem nunca ter observado nenhuma, não me pareceria que as fosse encontrar. Mas enganei-me. Pouco depois encontrei outra planta, mas, esta, em flor. Não tive mais dúvidas eram mesmo orquídeas selvagens. Por informação que recolhi posteriormente, trata-se da espécie Ophrys-Scolopax, por sinal bastante bonitas. Encontrei mais de uma dúzia de pés de orquídeas, ainda no início da floração, distribuídos por dois locais. Embora tenha tido muita atenção no resto do percurso, não voltei a encontrá-las. Vi muitas vezes o Jacinto-dos-campos (Scilla monophyllos), também bastante bonitos.

Na encosta em frente, no outro lado do rio corria um ribeiro em pequenas cascatas de espuma branca. Vem de Castro Vicente. Descemos um pouco e aproximámo-nos mais do rio. Uma lápide em mármore no berma do caminho lembrava alguém falecido. 
Perto do meio-dia estávamos a chegar junto das casas que existem no Azinhal. Eu procurava afincadamente ramos de raposa ou rosa albardeira (Peonia broteroi). Encontrei, por fim, alguns pés, mas ainda não estavam em flor.
A hora de almoço aproximava-se e notei algum desalento nos meus acompanhantes. Passou por nós uma pickup. Questionámos o condutor sobre um caminho que nos conduzisse à Barca, já no termo de Brunhoso, mas o condutor não nos soube orientar. Decidimos aproveitar a boleia e seguir em direcção a Remondes.

Segui com o grupo até uma zona chamada Amedo, mas os meus planos eram outros. Estava preparado para caminhar até ao fim do dia e não estava disposto a ficar-me pela manhã. Despedi-me dos colegas e comecei a descer em direcção ao rio. A certa altura achei que o reconhecimento do caminho não estava a ser feito em condições e volteia pé ao ponto onde apanhámos boleia na pickup. Era uma da tarde quando aí cheguei. Aproveitei para comer alguma coisa enquanto explorava o espaço onde situam as construções. Este foi um local importante de trabalho para muita gente de Brunhoso e Remondes. No Azinhal trabalhavam por vezes grupos de 60 pessoas, no pico da apanha da azeitona. Toda a encosta está repleta de oliveiras, muitas delas ainda cultivadas. As construções onde viviam os caseiros e alguns trabalhadores estão agora bastante deterioradas. Apesar de aqui não haver luz eléctrica pereceu-me haver cabos para telefone! O local é bastante acolhedor, com muita sombra, água e uma fonte bastante engraçado de onde dizem que brota sempre água fresquinha.

Depois de um curto descanso, retomei a busca do caminho a seguir para chegar à barca. Não me foi difícil encontrá-lo. Menos de um quilómetro à frente consegui já avistar o rio, a Barca, o Picão, o Poio e todos os montes já meus conhecidos. Senti-me em casa.
Pouco depois encontrei uma variedade de cistus florida, creio que era o Cistus cripus.
Às duas horas da tarde cheguei à barca. Tinha percorrido 8 quilómetros e já sentia algum cansaço. Cada vez havia mais nuvens, mas sempre que o sol aparecia queimava a pele.
O meu objectivo era apanhar boleia numa carrinha que devia estar no Picão com algumas pessoas a deitarem herbicida nas oliveiras. Quando atingi o alto deste cume, depois de muito esforço, avistei ao longe a carrinha que já tinha partido em direcção à aldeia. Como o telemóvel não funcionou, limitei-me a vê-la desaparecer ao longe.

Não restou outra alternativa senão caminhar até Brunhoso. Foram mais alguns quilómetros por caminhos já bastante conhecidos e com pouca disposição para mais fotografias. A tarde foi ficando cada vez mais cinzenta e o céu perdeu toda a cor.
Mesmo sem estar previsto, caminhei mais de 15 quilómetros! Valeu-me a experiência, porque vou sempre preparado com comida e água para qualquer eventualidade. Como a caminhada se destinava ao reconhecimento do percurso, o objectivo foi atingido, bastava agora esperar que no dia 24 de Abril, já com muitos participantes, as condições atmosféricas estivessem de feição. Desse dia vou dar notícias brevemente.

Mapa do percurso

segunda-feira, 26 de abril de 2010

À Descoberta do Rio Sabor





O dia 24 de Abril foi um dia memorável, parti à (re)descoberta do Rio Sabor acompanhado por um grupo de mais de meia centena de pessoas. Em breve contarei como foi.

domingo, 11 de abril de 2010

Rio Sabor

Rio Sabor, próximo de Remondes.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Exposição - Imigração e Interculturalidade

Exposição - Imigração e Interculturalidade: na Casa das Artes e Ofícios de Mogadouro.
D e 8 a 16 de Abril de 2010.